Apareceu como um estalo, uma revelação. Um dia eu simplesmente decidi fechar a porta. Era sempre a partir das 22:00 quando eu, inevitavelmente, começava a pensar em você. Não importa onde estivesse, ou o que estivesse fazendo. Apesar de não saber mais quem é você, eu não te esquecia. Não que estivesse sempre pensando em nós, ou sofrendo pela separação. Não, não era isso. Apenas sentia uma saudade forte, às vezes, e a noite sempre aumentava isso. Mas houve um dia em que a saudade não apareceu e eu fiquei com a sensação de tinha esquecido algo. Alguma coisa estava faltando e eu não conseguia identificar o que era. Só no dia seguinte percebi isso. É, foi uma coisa boa. A saudade era uma coisa boa, por mais estranho que isso possa parecer, mas não senti-la também era. Hoje eu posso voltar a ouvir aquelas músicas do Bryan Adams que você tanto gostava e sempre ouvíamos juntos. Você gostava de Heaven, lembra? Não, você nem vai ler isso. De qualquer forma, eu escrevo pra você. Não é uma carta de despedida, já dissemos adeus há tanto tempo que nem a cor amarela me lembra mais você. Nem as manhãs ensolaradas de domingo, como a de hoje. Nem tomate seco, nem pizza . Engraçado perceber que essas coisas não significam mais nada. mas isso é bom, mesmo sabendo que o nescau hoje tem sabor diferente.
Meu bem, depois de você, nada mais me assusta. Depois de você, toda dor parece pequena.
" Depois de te perder
Te encontro com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu..."
Todo Sentimento - Chico Buarque