Aproxima-se o Natal.
Há mais de dois mil anos nascia o Salvador dos homens. Depois da Páscoa da Ressurreição, essa é a festa mais importante para toda a Cristandade. Nesses mais de 2000 Natais da História, quantos fatos e exemplos memoráveis se deram. Seria necessária uma grande coletânea de livros para narrar tantos acontecimentos desde o primeiro Natal — a Natividade por excelência —, passando pelos Natais durante a perseguição romana e as abençoadas comemorações natalinas da Idade Média. Avançando na História, por fim chegaríamos ao século XXI, reconhecendo (com quanta dor!) que o verdadeiro significado do Natal foi sendo deformado e dessacralizado.
Não é, porém, nosso objetivo analisar aqui todos os ricos aspectos que apresenta o Natal, mas sim relembrar, mediante alguns poucos exemplos, a grandeza dessa data, e quanto ela influenciou e quanta ascendência ainda exerce na sociedade hodierna.
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O que dizer sobre o interessante conto Natal na Trincheira? Em plena Segunda Guerra Mundial, uma parte dos combatentes cessa as hostilidades e sai de suas trincheiras cantando o Stille Nacht; e o inimigo, tomado de espanto, percebe tudo: era a noite de Natal!
Seria pouco, se ficássemos apenas no campo dos fatos externos que marcaram o Natal em todas as épocas, pois esse magno acontecimento inspira nas almas variados temas, e nos oferece também lições de virtude e grandeza de alma.
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É digno de nota quanto o Natal inspirou povos e nações. Deus cumulou cada povo, quase cada região, de graças especiais, a cada um propiciando uma compreensão única do Natal, diversa da intelecção de qualquer outro povo. Isso é espelhado no modo de comemorar, nas músicas e nos ambientes natalinos.
Através de músicas natalinas próprias, o espírito espanhol manifesta sua particular vivacidade. Num ambiente festivo, esse povo revela sua alegria esfuziante pelo nascimento do Redentor.
De outro lado, as músicas natalinas alemãs ressaltam, de modo especial, toda a serenidade e inocência do clima próprio ao Natal, visto pelos germânicos.
O italiano, o polonês, o a ustríaco, o inglês (este, na medida em que conservou sua fidelidade à Santa Igreja), enfim, todos os povos cristãos souberam expressar, cada um a seu modo, o que o Natal representa para cada um deles.
A verdadeira glória nasce da dor — escreveu Plinio Corrêa de Oliveira. Quantos povos e quantas pessoas conheceram em seus Natais o sofrimento e a perseguição! É ainda hoje o caso da China, de Cuba e outros países. E essa circunstância, em tantos casos, só fez aumentar nesses católicos sofridos a fé e o amor pela Santa Igreja.
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Há uma bela música de Natal inglesa intitulada Twelve Days of Christmas (Os 12 dias do Natal), pouco conhecida entre nós, e que surgiu durante a época da perseguição anglicana contra os católicos naquele país, no século XVI.
Com a pseudo reforma protestante, países como a Inglaterra, ao abandonarem o regaço da Santa Igreja e caírem na heresia, começaram a perseguir os católicos, tornando quase impossível a prática da verdadeira Religião. Para comunicar aos fiéis a sã doutrina e poderem celebrar sem medo de represálias o Natal do Salvador, segundo a tradição da Santa Igreja, católicos ingleses compuseram tal música, que é um catecismo secreto, porquanto expressa em símbolos a realidade de nossa fé. Ela foi também utilizada muitas vezes durante a Revolução Fr ancesa.
Ei-la:
No segundo dia de Natal o meu verdadeiro amor deu-me: 2 pombas-rolas e uma perdiz numa pereira.
No terceiro dia de Natal o meu verdadeiro amor deu-me: 3 galinhas francesas, 2 pombas-rolas e uma perdiz numa pereira”. (Dia após dia, ela vai narrando, em ordem decrescente, o que o “meu amor deu-me”).
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No quinto dia de Natal o meu verdadeiro amor deu-me: 5 anéis dourados...
No sexto dia de Natal o meu verdadeiro amor deu-me: 6 gansos chocando...
No sétimo dia de Natal o meu verdadeiro amor deu-me: 7 cisnes nadando...
No oitavo dia de Natal o meu verdadeiro amor deu-me: 8 servas ordenhando...
No décimo dia de Natal o meu verdadeiro amor deu-me: 10 lordes saltando...
No décimo primeiro dia de Natal o meu verdadeiro amor deu-me: 11 flautistas tocando...”
E termina dizendo:
Qual o significado da letra dessa música?
Primeiro dia
O meu verdadeiro amor é Deus Pai. E a perdiz na pereira simboliza Nosso Senhor Jesus Cristo. A perdiz é um animal corajoso, capaz de lutar até amorte ara defender seus filhotes. E a pereira representa a Cruz.
Duas pombas-rolas representam o Antigo e o Novo Testamento. Durante séculos, judeus ofereciam pombas a Deus. As duas pombas lembram o sacrifício de Nossa Senhora e São José oferecido por Nosso Senhor.
Terceiro dia
Três galinhas francesass representam as três virtudes: fé, esperança e caridade. Essas galinhas eram muito caras durante o século XVI e só os ricos tinham condições de comprá-las. Simbolizavam os três presentes ofertados pelos Reis Magos a Nosso Senhor: ouro, o mais precioso dos metais; incenso, usado nas cerimônias religiosas solenes; e a mirra, uma especiaria sem igual.
Quarto dia
Quatro pássaros cantando representam os quatro Evangelhos. Neles estão contidos a vida de Nosso Senhor e seus ensinamentos. Como pássaros cantando de modo claro e em alta voz, os quatro Evangelistas espalham por todo o mundo a Boa-Nova da Vida, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Cinco anéis dourados representam os cinco primeiros livros do Antigo Testamento ou o Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), que lembravam aos católicos suas raízes. Os judeus consideravam esses livros mais valiosos que o ouro. E depois que a devoção do Rosário tornou-se mais conhecida, lembravam as cinco dezenas do Rosário da Bem-aventurada Virgem Maria.
Sexto dia
Seis gansos chocando representam os seis dias que Deus empregou na criação da Terra, do Universo e das criaturas. Os seis gansos chocando ovos recordam como a Palavra deu vida à Terra.
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Sete cisnes nadando representam os sete sacramentos e também os sete dons do Espírito Santo. Com os sacrame ntos e os dons, os fiéis poderiam sustentar-se através dos tempos de perseguição. Como os filhotes de cisnes transformam-se de patinhos feios em belos cisnes, assim a graça de Deus nos transforma de simples criaturas em filhos de Deus.
Nono dia
Oito servas ordenhando representam as oito bem-aventuranças pregadas por Nosso Senhor no Sermão da Montanha. As bem-venturanças, como o leite, alimentam e nutrem o católico.
Nove senhoras dançando são os nove frutos do Espírito Santo (Gal. 5, 22-23): caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura e temperança. Da mesma forma como as senhoras que dançam alegres, os cristãos podem alegrar-se com a vida transformada pelos frutos do Espírito Santo.
Décimo dia
Lordes pulando simbolizam os 10 Mandamentos da Lei de Deus. Os Lordes eram homens com autoridade para governar e disciplinar o povo.
Décimo promeiro dia
Onze flautistas tocando representam os 11 Apóstolos que permaneceram fiéis a Nosso Senhor, após a infame traição de Judas. Como crianças que seguem alegremente o flautista, esses discípulos acompanharam a Jesus. Eles também chamaram outros a segui-Lo. E tocaram uma canção eterna: a mensagem de salvação e da ressurreição após a morte.
Doze tocadores de tambor representam os doze artigos do Credo. Assim como eles tocam sonoramente para que os outros acompanhem o ritmo da música, o Credo revela a fé daqueles que são chamados cristãos.
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